Locked: Sem Saída – Crítica do Thriller com Bill Skarsgård e Anthony Hopkins
Os thrillers psicológicos têm uma característica específica: colocar o telespectador dentro da mente dos personagens, gerando tensão e ansiedade. “Locked: Sem Saída” tenta seguir esse caminho, mas tropeça em sua própria narrativa, pois entrega um resultado frustrante e superficial. Dirigido por David Yarovesky, o filme prometia um estudo intenso sobre sobrevivência e psicologia humana, mas acaba se perdendo em um emaranhado de soluções relativamente fáceis e mensagens sem profundidade.
Um Crime, um Carro e um Jogo Mortal
Eddie (Bill Skarsgård) é um homem que se encontra desesperado por dinheiro para poder sobreviver. Devido às circunstâncias, ele decide invadir uma SUV luxuosa na esperança de encontrar algo valioso. Seu objetivo? Pagar pelo conserto de sua caminhonete na oficina para poder voltar a trabalhar. No entanto, o que parecia uma tarefa simples (porém desonesta) se transforma em um pesadelo quando ele percebe que está trancado dentro do carro.
William (Anthony Hopkins) o dono do veículo, surge como um manipulador frio, fazendo Eddie de marionete para lhe causar dor e sofrimento. Ele anuncia ao invasor que outras sete pessoas já haviam arrombado seu carro, portanto, a motivação deste “experimento” era saciar sua sede de vingança. O veículo é personalizado com tecnologias diferenciadas, que o permite controlá-lo à distância. Com isso, ele consegue provocar choques elétricos em Eddie, dirigir o carro de maneira imprudente e colocar músicas perturbadoras com volume ensurdecedor.
O antagonista, que faz ligações para Eddie através do aparelho de som do carro, divide suas frustrações pessoais e questiona a visão de mundo da vítima. O filme propõe uma reflexão: aqueles que vivem de pequenos crimes realmente poderiam prosperar em um emprego comum? E, antes de tudo, será que a sociedade os daria essa chance?
O filme, ao menos inicialmente, consegue construir bem a atmosfera claustrofóbica e sufocante. No entanto, a promessa de um thriller psicológico se perde conforme o roteiro toma decisões ilógicas e preguiçosas. Confira o trailer oficial abaixo:
Os Problemas de “Locked: Sem Saída”
Um Vilão com Motivações Fracas
- William é apresentado como um manipulador (está mais para um psicopata) que busca ensinar uma “lição” a Eddie. Seu discurso gira em torno da meritocracia, da ideia de que “todos têm as mesmas chances, basta se esforçar”. Mas, além desse argumento ser altamente questionável, a execução da ideia é rasa.
- Qual é o real objetivo de William? O que ele espera mudar em Eddie ao torturá-lo dessa forma? Será que o que ele faz não é só uma desculpa para ele agir como um psicopata que se diverte com o sofrimento alheio.
Soluções Simples Para Problemas Complexos
- Eddie passa dias tentando escapar do carro, desesperado, testando várias formas de abrir portas e janelas. Ele fica praticamente sem comer, beber água e fazer suas necessidades básicas. Mas quando consegue água ou comida, consome imediatamente, sem pensar em racionar as quantidades.
- Para evitar tantos spoilers, prefiro não citar como Eddie, finalmente, se liberta do carro. Mas preciso afirmar que a forma que foi apresentada não só tira a credibilidade da narrativa, como também faz com que todo o sofrimento anterior pareça forçado.
- Depois de finalmente escapar, ele está no meio do nada. E, de forma conveniente, consegue uma carona quase que instantaneamente. Como? Por quê? Em um thriller bem estruturado, a fuga deveria ser um clímax, um momento de tensão real, mas aqui parece apenas um detalhe descartável.
Um Final Incoerente e Mal Resolvido
- O protagonista, que passou por uma provação extrema, simplesmente pega uma bicicleta de uma oficina e chega à tempo de buscar sua filha na escola. O filme sequer explica se ele comprou ou furtou a bicicleta. Além disso, o roteiro sugere que ele agora é um homem mudado, um pai melhor. Mas como exatamente esse trauma o fez amadurecer? Essa transição de personagem parece forçada e sem desenvolvimento suficiente.
O Impacto nos Telespectadores
Com produção de Sam Raimi (A Noite dos Mortos-Vivos, Até ao Inferno), “Locked: Sem Saída” consegue incomodar – mas acredito que não foi de forma positiva. O filme abusa de sons perturbadores, cenas de sofrimento prolongadas e uma atmosfera angustiante, mas sem profundidade emocional ou elaboração de roteiro. Em vez de criar empatia pelo protagonista ou provocar reflexões sérias, ele apenas cansa e irrita o espectador. O sofrimento de Eddie parece gratuito, sem um propósito claro, e o final decepcionante apenas reforça essa sensação de frustração.

Bastidores e Curiosidades
Quanto aos bastidores, “Locked: Sem Saída” teve um orçamento modesto e foi filmado majoritariamente dentro de um único cenário: o carro do protagonista. Isso exigiu uma atuação intensa do ator principal, que realmente precisou passar por um processo de isolamento para entrar no papel.
Uma curiosidade interessante é que algumas das cenas mais angustiantes foram improvisadas. O ator principal, em certos momentos, realmente passou horas sem comer e beber para aumentar a veracidade da sua performance. Mas ainda assim, não foi tão convincente.
Vale a Pena Assistir?
Se você gosta de thrillers psicológicos bem amarrados e com boas reflexões, “Locked: Sem Saída” pode decepcionar. A ideia inicial até poderia ser promissora, mas o roteiro fraco, o final apressado e os elementos mal explorados fazem com que o filme não atinja seu potencial. Se sua intenção é apenas ver um filme tenso e claustrofóbico, pode ser uma opção – mas esteja preparado para frustrações narrativas ao longo do caminho.
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