A união entre videogames e cinema sempre foi um casamento conturbado. De um lado, temos franquias amadas por milhões, com histórias densas, mundos imersivos e personagens icônicos. Do outro, a difícil missão de traduzir essa experiência interativa para a telona, o que nem sempre dá certo.
Além disso, o universo dos games sempre foi uma mina de ouro para Hollywood — e, ao mesmo tempo, uma roleta russa. Para cada adaptação épica que honra a fonte original, existem várias outras que nos fazem questionar: por que deixaram isso acontecer?
Neste artigo, você vai conferir:
- As adaptações que realmente entregaram;
- As que mancharam franquias inteiras;
- E os próximos filmes baseados em games que ainda despertam nossa esperança (ou medo).
Prepare o controle, a pipoca e o filtro de expectativa.
✅ Adaptações que Deram Certo
🎬 The Last of Us (1ª temporada)

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Aclamada pela crítica e pelos fãs, a 1ª temporada da série entregou uma das mais fiéis e emocionantes adaptações de games já feitas. Mesmo com pequenas mudanças do jogo da Naughty Dog, a produção soube manter sua essência. — e ainda acrescentar elementos que funcionam muito bem no formato audiovisual, como o episódio de Bill e Frank.
A narrativa é densa, os personagens cativam, e a ambientação de um mundo em ruínas é simplesmente impecável. A fotografia, os figurinos e os cenários desolados transportam o espectador para dentro da atmosfera pós-apocalíptica. Joel e Ellie brilham na tela, emocionando tanto quem já jogou quanto quem está conhecendo a história agora.
Sobre o episódio de Bill e Frank (contém leve spoiler):


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Neste capítulo, acompanhamos dois sobreviventes que, em meio ao caos, constroem uma história de amor sensível e real. O fato de serem um casal gay não é forçado nem usado como bandeira — é apenas parte orgânica da narrativa. Isso mostra como é possível representar a diversidade sem didatismo ou estereótipos, mas sim com naturalidade e amor incondicional.
É justamente aí que mora o acerto: os personagens são retratados como pessoas completas, com suas histórias, dores, alegrias e complexidades — algo que falta em muitas obras que optam por inserir representatividade apenas como um item no checklist.
Essa abordagem levanta uma reflexão importante: representatividade só funciona de verdade quando está a serviço da história, e não quando parece estar ali apenas para cumprir tabela. Um contraste que ficará ainda mais evidente quando analisarmos a 2ª temporada da série mais adiante neste artigo.
🎬 Arcane (2021)


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Baseada no universo de League of Legends, a série da Netflix surpreendeu ao entregar uma história coesa, madura e visualmente deslumbrante. Com animação de alto nível e personagens bem desenvolvidos, Arcane é um exemplo de como uma adaptação pode expandir e enriquecer o material original. É tão boa que conquistou até quem nunca jogou LoL.
🎬 Pokémon: Detetive Pikachu (2019)


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Quem imaginava que um live-action de Pokémon daria certo? Pois deu. Com Ryan Reynolds dublando Pikachu, o filme soube equilibrar humor, mistério e nostalgia.
Os Pokémon foram bem representados visualmente, e o mundo construído é crível o suficiente para você querer viver ali. Não é uma obra-prima, mas é um filme honesto, divertido e respeitoso com os fãs.
🎬 Sonic: O Filme (2020) e Sonic 2 (2022)


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Sonic conseguiu algo raro: agradar aos fãs e ao público geral. Após a polêmica do visual inicial (que foi alterado graças ao feedback), o filme entregou uma aventura divertida e cheia de referências ao game.
Jim Carrey como Dr. Robotnik foi uma escolha certeira, trazendo carisma e loucura na medida certa. A sequência de 2022 expandiu bem o universo e introduziu Tails e Knuckles, consolidando Sonic como uma das melhores franquias de adaptação.
🧨 Adaptações que Queremos Esquecer (Ou Fingir que Nunca Aconteceram)
Nem todo game foi feito para virar filme — e alguns estúdios insistiram em provar isso da pior maneira. Algumas adaptações até começam com boas intenções, elenco de peso e orçamento alto.
Mas, quando a luz do projetor acende, tudo o que resta é decepção, CGI exagerado, personagens descaracterizados e roteiros genéricos. E o pior: a sensação de que tudo foi feito só para lucrar em cima de uma marca conhecida.
🎬 The Last of Us – 2ª temporada (Max, 2025)


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Depois de uma 1ª temporada aclamada, a continuação foi uma decepção para muitos. A narrativa se afastou da essência do jogo, com escolhas apressadas, personagens mal desenvolvidos e uma tentativa forçada de ser “progressista” — mas sem profundidade.
A relação entre Ellie e Dina, que poderia ter sido tocante e real, parece existir apenas para marcar uma cota de representatividade. Um bom exemplo do desequilíbrio é a cena do episódio 6, em que Ellie diz: “Eu vou ser pai”. Por que pai? Não seriam duas mães? A frase viralizou, levantando questionamentos sobre a superficialidade na construção do casal.
A crítica não é sobre o casal em si — mas sobre como o roteiro perdeu a sensibilidade, trocando emoção por lacração vazia. Representar é importante, mas é preciso fazê-lo com alma, como vimos no episódio de Bill e Frank. Aqui, faltou coração e consistência narrativa.
🎬 Minecraft: O Filme (2025)


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Com Jack Black como Steve, a ideia parecia absurda o suficiente para dar certo. E de fato, há lampejos de genialidade: o humor caótico, as piadas que arrancam risadas reais e a atuação energética de Black funcionam bem.
Faltou a atmosfera estranha e contemplativa que faz Minecraft ser tão único. A anarquia funciona até certo ponto, mas o resultado final é esquecível. Está longe de ser o pior, mas também não justifica a espera.
Minecraft, que poderia ser um filme criativo, virou mais um produto sem alma. Explosões genéricas, um roteiro sem vida e a sensação constante de estar vendo um comercial gigante tiram qualquer brilho. No fim, até diverte em momentos — mas é difícil recomendá-lo até para crianças. O potencial ficou soterrado… em blocos mal posicionados.
🎬 Borderlands (2024)


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O filme baseado na icônica franquia da Gearbox estreou com críticas negativas e nota baixa no Rotten Tomatoes. O elenco promissor, incluindo Cate Blanchett e Kevin Hart, não salvou o roteiro raso e as piadas sem timing.
Tentaram repetir a fórmula irreverente dos jogos, mas sem o mesmo charme. A estética até lembra o game, mas a narrativa é genérica e sem impacto. Mais um caso de potencial desperdiçado.
🎬 Resident Evil (todas menos as animações)


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Uma franquia com tanto potencial jogado no lixo em sucessivas tentativas de criar um “universo paralelo” que pouco se conecta com o game original. Nem mesmo a série da Netflix escapou do desastre, entregando uma trama confusa, personagens rasos e vilões caricatos.
As adaptações parecem ter vergonha do material de origem. A ação exagerada, os roteiros inconsistentes e os personagens descaracterizados tornaram “Resident Evil” sinônimo de decepção. É uma aula de como ignorar o que tornou o jogo um sucesso.
🎬 Assassin’s Creed (2016)


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Com Michael Fassbender no elenco, a expectativa era alta. O resultado? Um filme entediante, que desperdiçou o rico universo dos assassinos e templários em uma trama genérica e cheia de CGI.
Ao invés de explorar as tramas históricas e dilemas morais dos games, o filme optou por uma narrativa sem alma, que nem fãs nem novatos conseguiram abraçar. Visualmente bonito em partes, mas vazio em emoção.
🔜 Adaptações Promissoras no Horizonte
Apesar dos tropeços, o futuro ainda guarda esperanças. Estes são os filmes que ainda podem acertar o combo certo entre fidelidade, entretenimento e inovação:
Veja Mais: Sonic 4, A Lenda de Zelda e Outros Filmes Inspirados Em Jogos: O Que Esperar?
🎬 The Legend of Zelda (em produção)


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Após o sucesso de Super Mario Bros., a Nintendo anunciou um live-action de Zelda. Pouco se sabe sobre o elenco, mas a expectativa é enorme. Se trata de um dos universos mais ricos e simbólicos dos videogames. O desafio? Não transformar Link em um novo “herói clichê” de Hollywood. Seu lançamento está agendado para 2027, e contamos o dia AQUI!
Veja Mais: Nintendo Revelou a Data do Filme de ‘The Legend of Zelda’
🎬 Ghost of Tsushima (em produção)


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Com direção de Chad Stahelski (John Wick), essa adaptação tem tudo para se destacar visualmente e entregar combates coreografados com estilo. O game já é quase um filme por si só, com narrativa densa e estética impecável. Se respeitarem a atmosfera do Japão feudal e a jornada de Jin Sakai, temos um forte candidato a clássico.
🎬 Death Stranding (em produção)


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Veja Mais: Death Stranding Ultrapassa 20 Milhões de Jogadores: O Que Esperar da Sequência?
Hideo Kojima está envolvido diretamente na adaptação de seu game mais enigmático. Com o toque autoral que o desenvolvedor imprime em tudo o que faz, espera-se um filme experimental, estranho e visualmente marcante.
Com direção de Chad Stahelski (John Wick), a adaptação promete respeitar a estética e a alma do game. Visualmente, pode ser um dos filmes mais belos baseados em videogames — se souber equilibrar ação, contemplação e honra samurai.
Veja Mais: Kojima Revela Planos Pós-Death Stranding 2
Seja para o bem ou para o cringe, os games continuarão invadindo as telonas. A questão é: qual será o próximo a nos surpreender… ou nos fazer questionar nossas escolhas? Particularmente, eu adoraria ver um filme inspirado no Red Dead Redemption, Grand Theft Auto ou God of War. E você?
E você? Qual dessas adaptações marcou (ou destruiu) sua experiência como gamer? Conta pra gente nos comentários!