O Expressionismo no terror psicológico do jogo “Silent Hill”

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Entender como foi o passado, muitas vezes nos faz entender mais sobre o presente. E de certa forma, nos faz questionar o que pode vir no futuro. No caso dos jogos de terror, vamos explorar como esse movimento artístico do início do século XX influenciou jogos como “Silent Hill”.

Sumário

O expressionismo alemão foi um movimento artístico que surgiu em um período muito turbulento para a Alemanha, entre as duas guerras mundiais, atingindo seu auge nas décadas de 1910 e 1920. Englobando diversas formas de arte, como pintura, cinema, teatro e arquitetura, os artistas expressionistas reagiram a esse contexto expressando sentimentos como angústia, medo, desespero e a sensação de perda de identidade. Em um cenário de crise econômica e instabilidade política, a arte era uma forma de expressar sua reação perante o que acontecia.

Os artistas buscavam por expressar emoções intensas e subjetivas, cruas e distorcidas, para fugir da realidade e transmitir um estado interior perturbado através de cores vibrantes, formas exageradas e cenários claustrofóbicos.

Exemplos de Filmes que marcaram o Expressionismo

Deste movimento, vale-se destacar filmes como “O Gabinete do Dr. Caligari” (1920) e “Nosferatu” (1922), que são exemplos icônicos desse movimento, e buscavam retratar a realidade interior dos personagens, suas angústias e medos mais profundos.

“O Gabinete do Dr. Caligari” (1920) é uma obra que distorce a realidade para revelar os horrores segredos da mente humana. Com seus cenários inclinados e sombras que parecem pesadelos, o filme cria uma atmosfera de paranoia e suspense, onde a linha é tênue entre a sanidade mental e a loucura.

O Dr. Caligari, com seu olhar hipnótico e controle sobre o sonâmbulo Cesare, representa o medo da autoridade opressora e da manipulação psicológica, temas presentes no cinema expressionista. Este filme é uma imersão perturbadora, onde cada cena é uma pincelada de angústia, o que simboliza o retrato visceral da alienação e do terror que perseguiam a Alemanha pós-Primeira Guerra Mundial.

Trailer original do filme “O Gabinete do Dr. Caligari” (1920).

Dois anos depois, surge o clássico do cinema “Nosferatu” (1922), dirigido por F.W. Murnau. Foi um dos primeiros filmes de terror da história do cinema, estabelecendo um padrão para o gênero e influenciando inúmeros cineastas.

Reconhecido como um dos pilares do expressionismo alemão, o filme se destaca pelo uso primoroso de sombras alongadas e distorcidas, criando cenários inclinados e uma atmosfera opressiva que reflete o estado de espírito perturbado dos personagens. O Conde Orlok, com sua figura esquelética e olhos penetrantes, personifica o medo e a angústia que assombravam a Alemanha pós guerra, tornando “Nosferatu” um retrato visceral do terror psicológico e um marco atemporal do cinema expressionista.

“Nosferatu” (1922) é uma obra-prima que transcende o tempo e continua a assombrar espectadores até hoje. Este clássico recebeu um novo filme em 2024, o remake é dirigido por Robert Eggers. Caso queira ler nosso artigo sobre as 6 cenas mais impactantes da protagonista de “Nosferatu” (2024), Lily-Rose Depp, clique aqui para conferir!

Trailer original do filme “Nosferatu” (1922)

Como o Expressionismo de 1920 influencia os jogos até hoje

O Expressionismo alemão capturou a essência de uma época conturbada, e seu impacto influenciou em movimentos seguintes, como o surrealismo e o cinema noir, além de inspirar a estética visual de muitos artistas contemporâneos.

Quanto aos jogos de terror modernos, podemos observar a influência do expressionismo alemão na exploração de temas sombrios. Os cenários distorcidos, a atmosfera densa, e a exploração da mente humana são elementos essenciais que encontramos em jogos atuais como “Silent Hill”, “Layers of Fear”, “Little Nightmares” e entre outros.

A influência do Expressionismo em Silent Hill

Criada pela equipe de desenvolvimento de videojogos japonesa Team Silent, pertencente à Konami Computer Entertainment Tokyo, a série “Silent Hill” se destacou por sua capacidade de criar um terror que vai além dos sustos superficiais, penetrando na psique dos personagens e dos jogadores.

Com uma narrativa complexa e atmosfera densa, o jogo gera uma sensação de angústia e medo ao explorar os traumas e inseguranças dos personagens, através da manifestação de monstros e da composição de cenários distorcidos e assustadores que bebem da fonte expressionista alemã.

Trailer oficial do jogo “Silent Hill 2”

A cidade de Silent Hill é coberta por uma névoa densa, ruínas e edifícios abandonados, sons perturbadores e criaturas horripilantes. Estes elementos criam uma atmosfera opressiva e claustrofóbica, o que contribui para a presença do terror psicológico, uma das características marcantes da série. Vale destacar que a trilha sonora da série é um diferencial, pois contribuí profundamente para a atmosfera aterrorizante.

Os monstros que habitam a cidade possuem um design grotesco e assustador, refletindo a natureza distorcida da cidade. Além disso, também representam os medos e traumas dos personagens. Esse é apenas um exemplo dos diversos simbolismos apresentados na série, que é composta por narrativas intrigantes. Dos temas abordados, podemos citar: culpa, trauma, medo, coragem, redenção e a percepção da realidade.

O uso de iluminação contrastante em “Silent Hill” é uma das muitas referências ao Expressionismo alemão, que utilizava esta técnica para manipular luzes e sombras e criar uma atmosfera dramática. Outro ponto interessante é a escolha do design bizarro para os monstros, simbolismo que representa muitas obras de artistas expressionistas.

Quais outras características você consegue relacionar o expressionismo alemão com os jogos de “Silent Hill”? Deixe nos comentários!

Confira mais informações sobre a saga Silent Hill aqui:

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