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The Electric State: Crítica do Filme da Netflix

Séries e Filmes

Atenção: contém spoilers!

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Os diretores Russo Brothers e a Netflix apresentam The Electric State, um sci-fi retrofuturista visualmente deslumbrante, mas que decepciona com uma trama rasa e previsível.

A Netflix e os irmãos Russo (criadores de Vingadores: Guerra Civil) retornam ao cinema com “The Electric State”, uma adaptação do livro ilustrado do sueco Simon Stålenhag. Com um universo retrofuturista ambientado nos anos 90, a produção tinha tudo para entregar uma narrativa envolvente sobre tecnologia e humanidade. No entanto, o que se vê é um filme visualmente interessante, mas superficial e previsível.

Confira o trailer oficial de The Electric State da Netflix

Uma Aventura Genérica que se Perde na Própria Ambição

A produção da Netflix se passa em um contexto onde a tecnologia avançou a ponto de integrar humanos e máquinas de forma irreversível. A trama gira em torno de um mundo em que as máquinas, criadas para aliviar o trabalho humano, se rebelaram. No entanto, após a derrota da inteligência artificial, avanços tecnológicos permitiram que os humanos se desconectassem fisicamente do mundo real por meio da realidade virtual, restando apenas os avanços tecnológicos como herança desse conflito.

A premissa é interessante, mas não inovadora. Conceitos semelhantes já foram explorados em obras como “Jogador Número 1”, “Black Mirror” e em outras histórias sobre a rebelião das máquinas e a relação humana com a inteligência artificial. Entretanto, o grande problema de “The Electric State” é que, ao invés de construir uma identidade própria, ele se torna uma colagem de ideias já conhecidas, sem aprofundá-las ou apresentar uma perspectiva original.


A Adaptação Não Capta a Essência do Material de Origem

O livro ilustrado de Simon Stålenhag é conhecido por suas imagens impactantes e pelas reflexões que elas evocam. No entanto, o filme desperdiça esse potencial ao reduzir a história a uma aventura genérica. Ao invés de explorar a profunda relação entre humanos e tecnologia, como faz o material original, a adaptação se contenta em ser um filme de ação convencional. Como resultado, sem grandes reflexões.

O problema não está em se inspirar em outras obras, mas em não transformar essas inspirações em algo original. A direção de Joe e Anthony Russo não se aprofunda nas questões filosóficas levantadas pelo livro, utilizando apenas elementos visuais para compor uma história sem profundidade.

Elenco e atuações mecânicas

O filme conta com nomes de peso, como Millie Bobby Brown, Chris Pratt e Giancarlo Esposito. No entanto, o elenco não consegue fugir de arquétipos já explorados em outros papéis, apresentando atuações previsíveis e rasas.

The electric state
Atores em cena em The Electric State. Foto: ™/© 2024 Netflix

Brown, que tenta se distanciar da imagem juvenil de Eleven de “Stranger Things”, se vê presa em um papel que pouco explora seu potencial dramático. Seu papel como adolescente rebelde carece de profundidade, e a montagem do filme parece evitar cenas longas com ela, cortando frequentemente para outros personagens. Isso dá a impressão de que a própria direção tenta esconder as limitações da sua atuação.

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Chris Pratt repete a fórmula do anti-herói carismático, remetendo a seu papel em “Guardiões da Galáxia”, enquanto Esposito assume mais uma vez a postura fria e calculista que o consagrou como Gus Fring em “Breaking Bad”.

Esposito
Foto: ™/© 2024 Netflix – The Electric State

Stanley Tucci assume um papel de antagonista enigmático, algo que também já fez diversas vezes. Até mesmo Ke Huy Quan, premiado por “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, se resume a um personagem caricatural, sem grandes nuances. A falta de inovação nos personagens torna a história previsível e sem impacto.


Visual deslumbrante, mas sem propósito

Se há um ponto positivo, é o design visual do filme, que apresenta um mundo retrofuturista interessante. A direção de arte acerta ao criar um mundo visualmente intrigante, inspirado nas ilustrações de Stålenhag. No entanto, a cinematografia evita planos abertos, o que dificulta a noção de escala e prejudica a imersão no universo da obra. O que deveria transmitir a grandiosidade de um mundo distópico, acaba parecendo pequeno e sem contexto.

O uso de CGI (Computer Graphic Imagery) também oscila entre momentos impressionantes e cenas artificiais, prejudicando a credibilidade da narrativa. O filme parece ter medo de explorar seu próprio universo, focando excessivamente nos personagens e deixando de lado o impacto da tecnologia na sociedade.

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Cena de The Electric State

Direção ilógica e forçada

A direção dos Russo Brothers, que brilhou em “Vingadores”, aqui se mostra perdida. Várias cenas parecem inseridas de forma aleatória, tentando criar tensão, mas falhando na execução. Um exemplo claro é quando a personagem de Millie Bobby Brown tenta fugir e é descoberta por Chris Pratt. Ele ordena que ela saia, mas ela já estava saindo, tornando a cena ilógica e forçada.

O roteiro segue uma estrutura clichê de aventura juvenil, sobretudo apostando na união de personagens improváveis contra uma grande ameaça. No entanto, falta peso dramático e profundidade emocional. Desse modo, a relação entre a protagonista e seu irmão, que deveria ser o motor da trama, é superficial e incapaz de gerar real envolvimento.

2º trailer de The Electric State

Conclusão

No coração da trama, há um embate entre humanos e máquinas que poderia levantar discussões relevantes sobre dependência tecnológica. No entanto, o roteiro segue um caminho previsível, repleto de clichês. A relação entre a protagonista e seu irmão, que deveria ser o motor emocional da história, carece de profundidade, tornando difícil para o público se conectar com os personagens.

Por fim, “The Electric State” é um exemplo de como grandes produções podem falhar ao tentar capturar a essência de um material de origem. A produção tenta capturar a essência de aventuras como as de Steven Spielberg, mas falha em construir uma identidade própria. O resultado é um filme com uma embalagem grandiosa, mas sem conteúdo marcante. No fim das contas, sua abordagem superficial, personagens pouco memoráveis e roteiro previsível não passam de uma experiência genérica e esquecível.

Havia potencial para algo muito mais grandioso, mas o filme se contenta em ser apenas mais um blockbuster sem alma. Destaca-se pela estética bem construída, mas o filme não consegue se sobrepor entre tantas outras histórias do gênero. E você, o que achou? Já assistiu “The Electric State”? Compartilhe sua opinião nos comentários!


Fontes:
IMDb
Rotten Tomatoes
Netflix

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